Olá amigos!

Hoje vou parafrasear o título de um excelente texto da revista Única do Expresso deste fim de semana!

Num trabalho jornalístico que acompanhou durante alguns dias de campanha Alberto João Jardim e fazendo memória de alguns factos do passado, faz-se um retrato, a meu ver muito fidedigno, do reeleito Presidente do Governo Regional da Madeira. E, como acho que o título desse trabalho reflecte na íntegra o que se passa na Madeira, decidi citá-lo.

O jornalista, faz um retrato de um "líder carismático, autoritário, birrento, malicioso, metódico, controlador, brejeiro, implacável, boémio, maquiavélico."

Essa reportagem acompanha as inaugurações e todos os rituais à volta, os "comes e bebes", a corte que o acompanha, a disposição dos seus apoiantes e acima de tudo a noção que ele é o centro de tudo! E como "animal político" que é, Alberto João controla tudo, até ao mais ínfimo pormenor.

Percebe-se a sua fulgurante ascensão, de um homem que escreveu apoiando Marcello Caetano e Salazar e que depois do 25 de Abril, já com forte apoio da Igreja é colocado como director do Jornal da Madeira. Em 1978, é este homem "dinâmico, truculento, desbragado, que afrontava o poder, obrigava "Lisboa" a ouvi-lo, e os madeirenses reviam-se nele", que assume a presidência do Governo que não mais largou.

É um homem que à partida, não saberá viver sem política e sem poder. Sabe "ser homem do povo" como ninguém, e com as inaugurações e obras vai conquistando apoiantes. A oposição por seu lado, além de tentar muitas vezes combate-lo pela "mesma moeda", esquecendo que o pior que se pode fazer a Alberto João é ignorá-lo, é muito "fraquinha".

Assim, o PS que deveria ser, à partida, a maior força de oposição, entrou num delírio gastador, em época de crise, e assim, juntou-se ao PSD, nas festas, e actuações em toda a campanha, perdendo um grande trunfo de poder apontar aos sociais-democratas, os milhões gastos em campanha. Depois, não trazem assuntos à discussão, melhor dizendo, não os mantêm, nem acompanham. Diz-se isto, aponta-se aquilo, mas os assuntos são esquecidos à velocidade da actualidade. Todavia, a actualidade faz-se e cria-se, e voltar aos assuntos para confirmar ou apontar os seus não desenvolvimentos é fazer oposição! Depois, em plena campanha para eleições regionais não se distanciar das políticas nacionais e pensar e apelar para os interesses dos madeirenses, não terá sido "um tiro no pé"?

Quanto aos outros partidos, pouca ou nenhuma expressão têm, desde CDS, CDU e Bloco de Esquerda a uns novos Partido da Terra (numa campanha algo revanchista contra o PS) e uma Nova Democracia que apostou forte na sátira e numa figura, "Manuel Bexiga", que foi a novidade nesta campanha, e no meio de muita paródia, foram por vezes os mais certeiros! Todavia o mau trabalho do PS, levou à divisão de votos por ainda mais partidos. A sua implantação não é, nem será nunca significativa, mas todos obtiveram representação no Parlamento Regional.

Hoje, o PSD Madeira assenta numa estrutura tentacular espalhada por toda a ilha, esmagadora nos contactos com a população, e sabedor daquilo que mais cativa e satisfaz. Acompanhar esta pedalada é exigente, e não atingível por outra força nestes tempos, por isso tentar competir no mesmo patamar era e comprovou-se ser um suicídio!

Com uma maioria absoluta reforçada, Alberto João Jardim ganhou pessoalmente, porque é ele a figura central e sempre presente, reconhecido por tudo e todos. Qual "filho único birrento", com o qual gosta de se comparar, centraliza tudo em si mesmo, por isso os tempos difíceis que se seguem impõem também outra questão, saberá ele se retirar? Tem vida fora da política? Começará uma luta fratricida interna pelo lugar de líder no PSD Madeira? E que se seguirá na luta política nacional no braço de ferro com Sócrates? E já agora, o estado actual das coisas não beneficia ambos, o "grande opositor Sócrates" não valeu a Alberto João o seu melhor resultado? Sócrates não obtém popularidade ao enfrentar o "dinossauro madeirense"?

Tenham um bom ínicio de semana!

Façam o favor de ser felizes!